O campo da cultura brasileira, durante o período do regime militar brasileiro (1964-1985), foi aos poucos invadido por determinados tipos de publicações desconcertantes: as revistas eróticas e pornográficas. Estas revistas de ficção ajudaram a configurar e a constituir as identidades, especialmente no que se refere à questão da sexualidade e da masculinidade brasileira, estabelecendo canais de negociação na modernização dos costumes, em meio a uma reforma conservadora. Diante desta situação, diluídas em uma área cinzenta de um processo mais complexo e contraditório, vários enunciados oriundos da sociedade tentaram criar um discurso “verdadeiro” sobre o sexo, que acabou assimilado pelo mercado. Com base no pensamento histórico genealógico de Michel Foucault, pretende-se indicar que a pornografia como “desordem do discurso” abriu espaço para questionar as tentativas de fundar um discurso homogeneizante de masculinidade no Brasil. Entre os periódicos, A revista do Homem (1975) se destaca como o elemento principal dessas “memórias esquecidas”.
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