Esta reflexão identifica a relação fenomenológica e histórica da presença de Sophia na encruzilhada das correntes literárias dos anos 1940 ao pós-25 Abril que acompanha o nascimento de alguns momentos altos da literatura portuguesa. Será feita uma súmula da presença de Sophia no espaço político e das letras que lhe eram contemporâneos com destaque para os principais momentos da sua intervenção cívica e política. Procura-se desatar alguns fios da encruzilhada que leva ao surgimento dos Cadernos de Poesia, onde Sophia publica pela primeira vez: o significado literário e filosófico da coincidência desta publicação com o aparecimento das Odes de Ricardo Reis; a relação temporal aqui presente e seu contraste com um tempo de modernidade que Sophia bebe de Pessoa. É nesta intersecção cultural e no contraponto com Pessoa e Píndaro que Sophia configura a imagem poética de sua escrita em que o tempo do mundo se diz a si próprio como o tempo moderno, linear, e portanto oposto a um tempo complexo, modernista, que desdobra em múltiplas temporalidades, se mobiliza e parte em várias direcções. O tempo do vivido e o tempo procurado do não-vivido.
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