Embora a conversão seja frequentemente conside-rada um processo individual, como gerador de mudanças no âmbito da visão de mundo do indivíduo e de suas afiliações, este processo ocorre em contextos institucionais permeados por relações sociais. Pensamos aqui a conversão à AD enquanto rito institucional através do qual o ator social incorpora um novo habitus religioso por meio das experiências adquiridas no processo de conversão. Assim como há lugares reservados no espaço social para práticas cotidianas como trabalho ou lazer, existe um lugar para buscar a salvação e este como os demais, possui uma estrutura para isso. A igreja neste sentido contribui para transformar a experiência de conversão numa série de disposições simbólicas vividas pelos sujeitos que se diferenciam neste espaço. Enquanto instituição, a Igreja funciona como espaço físico/simbólico dotado de sentidos. Seu poder regulador das condutas individuais exerce um papel de organizador da comunidade religiosa, promovendo um sentimento de pertença. Na vida cotidiana, nenhuma experiência de conversão é total, completa e perfeita. Diante das complexidades, ambiguidades e diversidades que marcam a experiência humana, a conversão religiosa é muito mais um objetivo buscado do que um produto final. Por isso ao entender a estrutura física da igreja entendemos ao mesmo tempo um modo possível de ser, sentir e agir dos de dentro que se sobrepõe a um modo de ser dos de fora da igreja, através dos diferentes pontos de vista que o espaço representa e reforça.
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