No ensaio “O direito à literatura”, Antonio Candido reflete sobre a relação existente entre as artes e os direitos humanos, observando que a literatura é um direito humano fundamental justamente por atender a uma das necessidades mais básicas do homem, a fabulação. A função humanizadora da literatura (e da arte) afirma sua condição política intrínseca na medida em que a mostra capacitada, em uma sociedade que dialoga pouco (e que fala muito de si e consigo mesma), a dar visibilidade e voz ao outro por meio da vivência da alteridade. Um exemplo bastante claro desse processo humanizador e da função política da literatura pode ser visto no “Poema tirado de uma notícia de jornal” (1925), de Manuel Bandeira, analisado, aqui, em diálogo com textos de nosso cancioneiro popular: “Notícia de Jornal” (1961), de Haroldo Barbosa e Luís Reis, “Comprimido” (1973), de Paulinho da Viola, e “Cotidiano” (1971), de Chico Buarque.
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