Com este artigo pretende-se contribuir para a reflexão sobre o papel das Associações de Desenvolvimento Local (ADL) no Alentejo, região que constitui um terço de Portugal continental. O texto contextualiza, em traços gerais, o caminho percorrido e os contornos que conduziram ao surgimento e implementação das ADL no país, aprofundando essa trajectória região referida, enquadrando, na sua especificidade, o emergir, a implementação e o papel que efetivamente estas organizações têm vindo a desempenhar nos processos de desenvolvimento local (DL) neste território. O percurso que uma ADL - a Associação de Defesa do Património de Mértola - construiu, em parceria com outros atores locais, ao longo dos últimos trinta e cinco anos, num território frágil e depauperado por décadas de abandono, configura um processo de DL integrado, quiçá, um dos mais emblemáticos em Portugal, e constitui o exemplo usado para ilustrar as práticas de desenvolvimento local neste território, em particular na capacitação dos residentes, na valorização e usufruto dos recursos endógenos e na fixação de jovens em territórios rurais e de baixa densidade. Do mesmo modo, aprofundam-se as reflexões sobre o papel decisivo que estas organizações, com forte pendor da sociedade civil, têm em prol do desenvolvimento das comunidades locais, quer pela forma inovadora como se posicionaram, quer pelas metodologias e modelos de governança que têm vindo a experimentar, abarcando várias áreas de intervenção, articulando diferentes grupos e setores e assentes numa abordagem interdisciplinar. Apesar da cada vez mais escassa margem de manobra destas associações - que resulta em muito quer das suas próprias fragilidades, quer do tempo que o DL, enquanto processo, necessita para se consolidar -, pode concluir-se, e a experiência no Alentejo demonstra-o, que não sendo a única alternativa aos problemas do DL, as ADL são certamente um dos mais sérios agentes na procura inquieta desse mesmo desenvolvimento.
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