Paulo Freire e eu, em muitos diálogos, passamos horas discutindo a importância não só de intervenções teóricas, mas também da importância crucial da práxis, de intervir nas vidas diárias de realidades culturais e pedagógicas e de deixar essas intervenções responderem ao trabalho político e teórico que se busca desenvolver. Infelizmente, muitos "teóricos críticos" da educação têm esquecido da necessidade de tal ação. A teoria “domina”, com pouca correção advinda das realidades de instituições de reais, em comunidades reais, em lutas reais. As lutas de afro-brasileiros contra a subjugação não eram abstrações para Freire. Ele as via como parte das lutas necessárias contra a dominação. Neste artigo, ainda que Freire não esteja mais presente, quero continuar o diálogo com ele sobre a questão racial. Uma vez que ele insistia em que nos concentremos em nossas próprias experiências diárias, vou dirigir a minha atenção para as realidades da questão racial em nações com as quais estou mais familiarizado, embora eu também deva me referir ao Brasil, Portugal e outros lugares. Minha base epistemológica será decididamente freireana. Quero interrogar a "cultura do silêncio" em que vivemos, de modo que ela possa ser transformada. Aqueles de nós que estão comprometidos com políticas e práticas educacionais emancipatórias e anti-racistas, seriam perspicazes ao dirigir sua crítica não só aos efeitos raciais sobre os mercados e padrões culturais, mas também para as formas criativas utilizadas por movimentos neo-liberais e neo-conservadores para convencer muitas pessoas de que essas políticas são meramente tecnologias neutras, que nos ajudarão a tornar a educação mais eficiente e eficaz.
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