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Resumen de O documentário animado e a leitura não-ficcional da animação

Jennifer Jane Serra, Marcius Freire (dir.)

  • Esta pesquisa teve por finalidade analisar os mecanismos através dos quais filmes de animação podem ser vistos pelo espectador a partir de uma leitura documental e como a animação pode ser utilizada como estratégia discursiva em filmes documentários. Para tanto, delimitou-se como objeto de análise filmes classificados, tanto por seus realizadores como por instituições relacionadas ao campo do cinema, como "documentário animado" e utilizou-se a abordagem Semiopragmática do filme para analisar esse tipo de produção com base no conceito de "modo de leitura documentarizante" proposto pelo teórico Roger Odin. O corpus fílmico para esta análise foi composto pelos seguintes filmes: Silence (Sylvie Bringas e Orly Yadin, Inglaterra, 1998); A is for Autism (Tim Webb, Inglaterra, 1992); Animated Minds (Andy Glynne, Inglaterra, 2003 e 2008);

    Revolving Door (Alexandra e David Beesley, Austrália, 2006); Dossiê Ré Bordosa (César Cabral, Brasil, 2008); O Divino, De Repente (Fábio Yamaji, Brasil, 2009). A análise desses filmes, em particular, e de outros documentários de animação permitiu visualizar que a leitura de um documentário articula operações e processos de produção de sentido e afetos concernentes tanto ao campo do cinema documentário quanto do cinema de animação. Em documentários animados, as operações do processo de leitura são suscitadas por estratégias narrativas próprias da animação, tais como metamorfose, simbolismo, performance, etc., e a leitura documentarizante pode ser conduzida por instruções que não recaem apenas sobre aspectos estilísticos do documental, mas também sobre elementos narrativos da animação. Além disso, a animação tem o poder de tornar visível o que não pode ser captado pelo olhar humano e pela câmera, tornando-se uma poderosa ferramenta para expor sentimentos, pensamentos e idéias e para explorar temas através de uma abordagem subjetiva. A união entre animação e narrativa documental no documentário animado, entretanto, é carregada de tensão, especialmente porque a animação é tradicionalmente associada ao universo do ―faz de conta‖e sua natureza subjetiva entra em conflito com a visão tradicional do documentário como sendo um relato objetivo sobre o real e relacionado aos discursos científicos. No processo de leitura de um documentário animado essa tensão está presente e é uma de suas particularidades. A natureza aparentemente contraditória da junção entre animação e documentário chama a atenção do espectador para novas possibilidades de representação do mundo histórico que não apenas os modos já estabelecidos de narrativa documental e suscita a reflexão sobre a abordagem das questões envolvidas nas asserções apresentadas pelo filme.


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