Este artigo centra-se nas narrativas autobiográficas de índole espiritual escritas por monjas � prática muito difundida no Portugal de seiscentos. Especial atenção é conferida à narrativa do eu amoroso, à descrição dos êxtases e visões extraordinárias que estas narrativas comportam. Partindo das propostas de Michel de Certeau e também de Luisa Muraro nos seus trabalhos dedicados à escrita mística, trata-se de perceber até que ponto esses textos portugueses de autoria feminina oferecem a possibilidade de pensar e articular diferentes espaços discursivos, configurando um discurso de alteridade. Traçando um espaço de enunciação híbrido, estas narrativas representam micro-operações de resistência face a um discurso hegemónico, abrindo para outras cartografias e outras formas possíveis de habitar o mundo.
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