Segundo Carel (2002), é verdadeiramente anedótica a razão que levou Ducrot à leitura de Austin e de Searle. Nomeado «altaché de recherches au CNRS», na secção "Philosophie» em 1963, Ducrot deveria contribuir para o «Bullletin signalétique» deste centro resumindo artigos filosóficos recentes. Como principiante, eram-lhe destinados, invariavelmente, os artigos que mais ninguém pretendia recensear, entre os quais, e em grande maioria, constavam os chamados oxfordianos. A ideia de que a linguagem tem por função primordial a instauração de um tipo particular de relações entre os indivíduos viria a ser tão determinante na evolução do seu pensamento como o próprio efeito anti-lógico que a leitura de Saussure, iniciada dois anos antes (1961) (de forma não menos anedótica - por obrigação profissional como professor de filosofia), também havia provocado. E terão sido estes dois insólilos encontros (Saussure e a filosofia da linguagem anglo-saxónica) que, em definitivo, salvaram Ducrot do logicismo semântico reinante.
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