Maria Fernanda Moreira Gonçalves
Na fase galego-portuguesa da língua (início do séc. XIII a meados do séc. XN), o verbo seer reveste-se de grande interesse pelas particularidades que apresenta, dado ser resultante da fusão de dois verbos latinos: ESSE e SEDERE. A reconstituição dos paradigmas do não-perfeito e do perfeito revela que as formas dominantes são aquelas que provêm de ESSE (são, somos, eras, fuy, fôrades, fordes), ao passo que as continuadoras de SEDERE (sejo, sees, siía, síian, sêvi, seviste, severa, sevesse) são minoritárias.
A análise dos textos remanescentes, ao longo do periodo em questão, permitiu verificar que as formas provenientes de SEDERE ocorrem em documentos de natureza diversa, embora se registe um maior número de abonações em composições poéticas trovadorescas.
Em termos cronológicos, as formas recolhidas estão documentadas essencialmente em textos pertencentes ao século XIII. Na 1ª metade do século seguinte, a ocorrência deste tipo de formas torna-se ainda mais rara, denunciando assim a progressiva substituição destas por aquelas que continuam o verbo latino ESSE.
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