Health practices in Brazil, including psychological practices, have always produced heteronymous relationships between health professionals and the general public, backed by technical / scientific knowledge seen as the only way to consider / determine the ideal healthcare system. Moral precepts have been imposed through the disqualification / extermination of popular knowledge and know-how in the face of the health specialistsâ knowledge and skills, deemed as the only viable truth (epistemicide). The creation of the Unique Health System (SUS) aims at reversing this trend toward heteronymous conformity and calls for peopleâs active participation in producing collective health practices. Studies on the integration of psychologists within the Unique Health System have pointed out a reproduction of the âspecialistâs postureâ, emphasizing the inadequacy of the training / course content for professionals to be able to work properly within this reality. This article is based on a âgenealogical analysis of psychological practices in Basic Health Unitsâ (UBS) in the town of Vitoria, state of Espirito Santo, Brazil. Ethnographically inspired, the research was conducted between 2004 and 2005 and centered on the work of fourteen psychologists in ten Health Units. Heteronymous reproduction, however, does not seem to stem from inadequate course content to adapt professionals. Quite the contrary, the lack of preparation results from excessive content, making professionals powerless, submitted to the moral values of adequacy / adaptation and deprived of their individual creative ability to act.
As práticas em saúde no Brasil, incluindo as psicológicas, sempre primaram na produção de relações heterônimas entre profissionais e população, sob o respaldo do saber técnico/cientÃfico como único capaz de arbitrar/determinar o modelo ideal de saúde. Imposição de preceitos morais, através da desqualificação/extermÃnio dos saberes/fazeres populares perante a verdade dos saberes/poderes especialistas em saúde. (epistemicÃdio). A criação do Sistema Ãnico de Saúde propõe uma reversão nessa conformação heterônima, com participação ativa das populações na produção de práticas coletivas em saúde. Estudos sobre a inserção do psicólogo no SUS têm apontado para a reprodução da postura especialista, ressaltando a inadequação da formação/conteúdos disciplinares para atuação nessa realidade. Este artigo traz algumas reflexões advindas de uma âanálise genealógica das práticas psicológicas nas UBSâ do municÃpio de Vitória/ES. De inspiração etnográfica, a pesquisa ocorreu entre 2004/05, abarcando a atuação de quatorze psicólogos em dez Unidades de Saúde. A reprodução heterônoma não parece advir, entretanto, de uma carência de conteúdos disciplinares para adequar o profissional. Contrariamente, o despreparo surge como fruto do excesso disciplinar, que con-forma profissionais impotentes, submetidos aos valores morais de adequação/adaptação, decompostos em sua potência criativa singular de agir.
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