O presente texto tem por objetivo discutir o papel do narrador no romance Caetés (1933), de Graciliano Ramos. Nesse sentido, procura mostrar como o enunciatário de Caetés, projetado na figura de um narrador de primeira pessoa, por meio da ironia e da narração de acontecimentos do cotidiano, constrói duas narrativas entrelaçadas. O primeiro relato narra a história de vida de João Valério na sociedade de Palmeira dos Índios, onde tem seu cotidiano marcado pelos sofrimentos e angústias resultantes do amor que nutre por Luísa; e, no segundo relato, o narrador revela seu desejo e sua dificuldade para atingir o almejado sonho de escrever um romance histórico sobre o martírio do bispo Pero Fernandes Sardinha devorado pelos índios caetés, que viveram no Brasil até o século XVI. Ao entrelaçar as duas histórias, João Valério revela suas duas paixões, Luísa e a arte literária, e aponta para aspectos importantes da cultura brasileira e para a complexidade das relações humanas.
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