O texto analisa a significação e as formas de uso de droga em outros contextos culturais, cuja organização social se difere da sociedade atual. Ao evidenciar essa diferença, o objetivo do estudo é fundamentar a argumentação de que a modalidade de uso de droga caracterizada como dependência é um fenômeno específico da modernidade. Trata-se, portanto, de tentar entender a relação entre a droga e o sagrado nos contextos culturais indígenas e tradicionais, procurando perceber o significado do uso simbólico e mitológico de droga naquelas sociedades e em que esta forma de consumo se diferencia do uso intensificado moderno.
O estudo baseia-se na obra de Balandier (1997b) sobre a desordem, o movimento das sociedades e as culturas tradicionais. Também fundamentam a reflexão três trabalhos realizados pelos antropólogos Monod (1976), Reichel-Dolmatoff (1976) e Seitz (1976), no final da década de 60 e início dos anos 70 do século XX, sobre o uso de alucinógenos em comunidades indígenas da região amazônica na América do Sul. Estas sociedades, mo período da realização dos estudos, mantinham-se praticamente isoladas do mundo civilizado e, assim, preservavam seus traços originais. Falavam suas próprias línguas, tinham seus próprios modos de organização social, suas técnicas, suas crenças, seu mundo simbólico.
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