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Resumen de Educação do corpo em manifestação cultural afro-brasileira: o jogo de capoeira no contexto da indústria cultural

C.M. Mwewa, Alexandre Fernandez Vaz

  • A capoeira se combina - seja na forma de jogo, luta, dança ou mesmo esporte-espetáculo - com um conjunto de outros elementos da cultura corporal dos afro-brasileiros. A presente comunicação apresenta resultados parciais de uma pesquisa em andamento que tem procurado identificar, analisar e interpretar as relações entre o jogo de capoeira em suas múltiplas expressões e os esquemas da indústria cultural, marca distintiva dos tempos contemporâneos, processo de submissão à forma mercadoria e de construção de subjetividades. No centro do debate colocam-se os destinos de um elemento tradicionalmente associado à cultura popular em suas condições nas esferas da expressão cultural, mas também do entretenimento e do consumo, mostrando-se, desta forma, simultaneamente como manifestação de significativa riqueza cultural, mas também como em sua dimensão pedagógica das/para as diferentes classes e grupos sociais. A pesquisa tem procurado traçar o percurso que envolve as seguintes questões: a capoeira na sociedade brasileira contemporânea e seus deslocamentos espaço-temporais; a relação entre crítica cultural e indústria cultural; o corpo e suas expressões no jogo de capoeira sob os possíveis ardis da indústria cultural; entretenimento, "tempo livre" e sociedade de consumo; educação e adestramento no jogo de capoeira. Faz-se importante localizarmos o contexto social, histórico, político e cultural - que localizamos a partir da historiografia que trata do período que se estende de 1808 a 1950 - do jogo da capoeira para podermos entender os seus desdobramentos na sociedade contemporânea. Neste sentido, temos observado que a historiografia desmistifica diversas "verdades" que constituíram este universo até os dias de hoje, sem desconsiderar, no entanto, as diferentes vozes que esta manifestação traz consigo e que concorrem com as narrativas acadêmicas. É sobre esta base que se constrói a sustentação teórico-metodológica do trabalho, que tem como interlocutores centrais os filósofos associados à Teoria Crítica da Sociedade da Escola de Frankfurt, especialmente Theodor W. Adorno. É por meio de sua obra que procuramos fazer a crítica ao conceito de crítica cultural e aos destinos do "tempo livre", pensando-os como símbolos da indústria cultural: o conceito de crítica deve sofrer a auto-crítica do pensamento esclarecido, enquanto o "tempo livre" não pode ser entendido fora das relações de trabalho que o determinam. Coloca-se um desafio suplementar que é o de pensar não apenas a banalização da cultura erudita e seu rebaixamento à cultura de massas, mas, em direção algo oposta, analisar um elemento da cultura popular, sua apreensão pelos mecanismos da indústria cultural e sua (re)produção sob estes novos auspícios. O material empírico tem sido privilegiado da seguinte forma: documentos de diferentes grupos de capoeira e das publicações magazines sobre o tema; observação participante nos diferentes grupos, procurando trazer outros elementos diante da participação de suas atividades. As análises preliminares indicam as tensões da multivocalidade dessa manifestação cultural, localizada entre os ardis reificantes da indústria cultural na sociedade administrada e seu potencial pedagógico como possível expressão do inconformismo cultural. Elas também indicam que a prática da capoeira, no contexto do "tempo livre" solapa a construção/produção de conhecimento presente no universo desta manifestação cultural que se legitima como afro-brasileira.


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