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Resumen de Mostrar o Hibrido: estratégias de visibilidade dos híbridos nas artes performativas em Portugal

Claudia Madeira

  • Uma das características dominantes do mundo da arte contemporânea e, poderíamos dizer como diversos autores, do mundo em geral (Canclini, Latour, Pieterse, Friedman, entre outros) é a produção de objectos híbridos. O apelo ao híbrido, à mistura, emerge como um motor de destruturação das categorias "puras", "fixadas", ou "classificáveis", modificando as formas de se falar sobre identidade, cultura, diferença, e abalando os principais binómios advindos de uma cultura modernista como sejam natureza/cultura, erudito/popular, elite/massas, masculino/feminino, arte/ciência, local/global, e por isso, surge essencialmente como princípio de mudança, transformação, inovação.

    Tendo origens tão diversificadas e, por vezes, tão aparentemente distantes, o termo híbrido no domínio amplo do social pode representar uma multiplicidade ilimitada de objectos, que advém de fenómenos de hibridação étnicos, linguísticos, culturais, artísticos, etc., sendo que qualquer tentativa de definição de um objecto híbrido necessita da avaliação das propriedades ou características que dele fazem parte.

    No mundo da arte contemporânea portuguesa o fenómeno de hibridação parece estar a constituir um novo território artístico, amplamente diversificado, e situado cada vez mais em produtos que dificilmente se revêem numa catalogação de género artístico porque cruzam diversas linguagens artísticas, que vão desde o teatro, à dança, à música, às artes plásticas, etc., mas também linguagens não artísticas, como diversas disciplinas das ciências sociais ou exactas, que introduzem novos conhecimentos e novos instrumentos para a criação.

    Esse novo território artístico híbrido tem por base uma geração também ela impura, cujos limites próprios são, muitas vezes, de difícil identificação, na medida em que cruzam fenómenos que superam as escalas originárias: 1) nacional e local, substituindo-as por uma base transnacional e cosmopolita; 2) cultural e artística, substituindo-as por fenómenos que tendem a abranger todas as esferas do social, do económico e do político; 3) criador e criação substituindo-as por sistemas de co-autoria e co-criação partilhada, em diversos graus, com as esferas da intermediação ou mesmo da recepção cultural. Tudo isto num processo de amplificação e diversificação do território artístico, que tem por base, se seguirmos a linha de análise aplicada por Bakhtin aos estudos linguísticos, tanto processos de hibridação de geração "inconsciente" ou "orgânica" através de mutações advindas da própria experimentação artística, como processos de hibridação construídos "conscientemente" e "intencionalmente", através da regulação do fenómeno, por exemplo, mediante parcerias artísticas, programações ou políticas culturais específicas. Essas duas dinâmicas de hibridação, orgânicas e intencionais, potencialmente indutoras de inovação artística estão a gerar um novo território cujo poder virtualmente transgressivo e alternativo é fértil para discutir questões centrais como centro, periferia e inovação artística. É disso que tratará este artigo, tendo por base a identificação e caracterização das principais estruturas de programação e apoio "consciente" e intencional dos objectos artísticos híbridos.


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