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Resumen de Adentrando a proximidade policial: percursos metodológicos de uma investigaçao sobre cultura organizacional e ocupacional da PSP

Vera Duarte

  • Hodiernamente, vocábulos como proximidade, parceria, orientação para os problemas e 'contratualização local' integram a generalidade dos discursos e são sintoma da evolução das sociedades e da emergência de novas atitudes face aos direitos. Falamos de justiça de proximidade, de políticas de proximidade, porque não, de polícia de proximidade...

    Esta preocupação cada vez maior com o cidadão e a aproximação entre as necessidades sociais e os objectivos policiais requer um novo modo de 'fazer polícia', uma polícia mais próxima que ajude a amenizar as tensões locais e que altere a forma reactiva de intervir, interiorizando uma perspectiva de natureza mais proactiva, de cooptação e cooperação. A reorientação estratégica para funções de serviço à comunidade exige que se repense o modelo organizacional burocrático da Polícia, de modo a combater as consequências imprevistas e indesejadas que têm conduzido a uma crise de eficácia e de legitimidade social, agravada por um contexto social delitógeno, produtor de violências e inseguranças.

    Sabemos que o antigo modelo organizacional da polícia está condenado a não ser capaz de dar resposta às demandas de um ambiente completamente diferente, mas sabemos também que aos governos têm faltado condições para atender eficientemente a todos os pedidos da sociedade. Sobram pressões para que a sociedade seja melhor, manifestando-se crucial que as organizações sejam eficientes no uso racional dos recursos, eficazes na produção dos resultados e transparentes na prestação de contas. O que é pedido é que se produza mais com o que se tem e, se possível, com redução dos recursos. Para tal, as soluções são assustadoras, quer para a burocracia governamental, que parece não estar ainda em condições de dotar as forças policiais de maior autonomia e discricionaridade para encetar estratégias de prevenção, quer, especificamente, para as burocracias policiais que tentam conservar a integridade profissional mantendo uma subcultura policial eivada de valores de autonomia e de profissionalismo corporativista desajustados com os valores da proximidade e da cooperação.

    Importa romper com o ciclo de ineficácia, mas com a consciência de que a optimização da função policial deve ser estruturante e estruturada, atravessando toda a cultura organizacional e actualizando-se nas práticas diárias que corporizam a missão da organização. Destarte, compreender as estruturas de significado, as imagens e os discursos sobre a cultura policial e a forma como essa identidade própria marca as subculturas ocupacionais, afigura-se como um desafio caracterizado pela complexidade, mas crucial para que a organização policial possa dispor de uma cultura adequada para enfrentar e ultrapassar quer os problemas de adaptação ao seu meio externo (crescimento das cidades, aumento da insegurança, (des)equilíbrios demográficos e respectivas repercussões sociais, enfraquecimento dos meios de controlo informais, aumento das taxas de criminalidade, violência e cifras negras), quer os problemas de integração do seu meio interno (excesso de burocratização, problemas ao nível da avaliação de desempenho e promoção de carreira, limitações orçamentais incompatíveis com as exigências no campo da modernização dos equipamentos, subsídios de risco...) . Convém ressaltar que a cultura organizacional pode constituir uma vantagem, mas também um obstáculo à tão propalada proximidade que se enforma na semiologia interpretativa da relação eu/outro.

    Esta reflexão tem vindo a inspirar uma investigação desenvolvida no âmbito da minha dissertação de mestrado em Sociologia: Especialização em Organizações e Desenvolvimento de Recursos Humanos, intitulada "Ser polícia: contributos para o estudo da cultura organizacional da Polícia de Segurança Pública". Proponho-me apresentar, no Congresso, alguns dos resultados entretanto obtidos.


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