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Resumen de Consequências humanas da mobilidade na reestruturação produtiva do trabalho em uma instituição bancária, 1990-2003

C.L.I. Grisci, J.L. Becker, Gilles Chemale Cigerza, Pedro Mendes Hofmeister

  • O trabalho tem-se constituído em inesgotável fonte de estudos. Atravessado pelas transformações econômicas, sociais e políticas e suas implicações, experimentou uma série de reestruturações consolidada na década de 1990 que, aliada à financeirização da economia, colaborou para aumentar o número de desempregados e afetou os modos de trabalhar e de ser dos trabalhadores que permaneceram inseridos no mercado de trabalho. O trabalho bancário, paradigmático em relação à reestruturação produtiva, passou a experimentar mudanças significativas, cada vez mais intensas. No Brasil, a reestruturação bancária se evidenciou em duas etapas. A primeira, ocorrida na década de 1980, caracterizou-se pela redução de custos operacionais, automação, desenvolvimento e incentivo ao auto-atendimento, entre outros. Das ações empreendidas pelo governo federal visando ao ajuste da economia, na década de 1990, resultou a queda da inflação e dos investimentos financeiros, que foi um dos principais elementos desencadeadores da segunda etapa da reestruturação bancária ocorrida a partir da metade da década de 1990. Essa segunda etapa caracterizou-se pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços, segmentação da clientela conforme o perfil de renda e potencial de consumo dos serviços e produtos financeiros. Com a intensificação do uso da tecnologia da informação e de novos modos de gestão da produção e do trabalho, os bancos empreenderam mudanças que geraram desemprego e afetaram os trabalhadores em seus modos de trabalhar e de ser. Em uma centenária instituição bancária pública brasileira de âmbito nacional, essas mudanças se evidenciaram na implementação de Programas de Apoio à Demissão Voluntária e na mobilidade - transferência de lugar e/ou de cargo - de bancários. Tomando-se esse cenário como ilustrativo das transformações desencadeadas no mundo do trabalho, realizou-se, nessa empresa, um estudo de caso de caráter longitudinal. A pesquisa objetivou mapear e analisar a mobilidade de bancários ocorrida no período 1990-2003, bem como investigar as conseqüências humanas dessa reestruturação a partir da visão dos bancários. Os dados relativos à mobilidade de 44 bancários foram coletados através de documentos da empresa e de informações disponibilizadas por dois analistas de recursos humanos. Os dados relativos à visão dos bancários acerca das conseqüências humanas foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas realizadas com alguns desses bancários em dois momentos distintos da vida institucional, em 1998 quando a reestruturação se mostrava com maior intensidade na empresa, e em 2003. Os dados quantitativos foram submetidos a tratamento estatístico com auxílio do software SPSS 11.5. Os dados qualitativos foram submetidos à análise de conteúdo à luz do referencial teórico que contou, em especial, com autores como Bauman e Sennett. Os resultados da pesquisa indicam que a reestruturação produtiva do trabalho bancário acarretou intensa mobilidade entre os bancários, sendo que os efeitos mais perversos recaíram sobre os mais velhos e com mais tempo de serviço, uma vez que estes descenderam na estrutura hierárquica da empresa. Na visão desses trabalhadores, os vínculos de amizade, confiança e solidariedade se fragilizaram com a imposição e intensificação da mobilidade. A perda de controle sobre o tempo e o trabalho, mais a aceitação da mobilidade freqüente para sobreviver dentro da nova lógica de instabilidade organizacional, levaram também à instabilidade nas relações pessoais e familiares. Além disso, tornou-se corriqueiro e natural a automedicação e a indicação de antidepressivos entre os colegas como auxílio ao enfrentamento das pressões e do sofrimento no cotidiano do trabalho. Como principais conseqüências humanas da mobilidade intensificada pela reestruturação produtiva do trabalho bancário, tem-se a instabilidade na estabilidade do emprego, o nomadismo involuntário, os relacionamentos de curto prazo, a ruptura dos laços de confiança e o sofrimento psíquico.


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