Após a abordagem exploratória a uma teoria da multifuncionalidade agro-rural realizada por Covas (2007) em Ruralidades I e II estamos agora em condições de fazer uma primeira aproximação empírica a esta teoria. Não fomos à procura de casos representativos de uma realidade ou universo português mas sim à procura de sinais significativos, reveladores, umas vezes prometedores outras vezes comprometedores, que, pelos seus atributos, poderão servir de referência ou de aviso para os futuros empreendedores do espaço agro-rural.
Os sinais que mais nos interessam são: um novo conceito, um projecto inovador, um sinal de inteligência, uma atitude decidida, um comportamento exemplar, um investimento arriscado, uma diversificação bem sucedida, etc. Sinais que apontam ou anunciam uma diversificação multifuncional sustentável.
Para aferir do alcance e do sentido destes sinais de mudança, apresentamos em seguida alguns resultados preliminares que observámos em cerca de 80 explorações. O número total foi, porém, superior pois foram realizadas entrevistas de contextualização a "mediadores sistémicos" tais como associações de desenvolvimento local, associações de proprietários florestais, associações de agricultores, serviços regionais e técnicos superiores ligados ao desenvolvimento económico e social das zonas rurais. As entrevistas realizadas foram semi-directivas procurando obedecer ao mesmo guião para averiguar a trajectória pessoal/familiar/patrimonial/empresarial dos entrevistados nos últimos vinte anos e sua projecção nos próximos dez anos. Um período de tempo que colocou muitos dos nossos entrevistados na situação curiosa, alguns disseram embaraçosa, de terem que gerir um tempo de transição difícil, mais ou menos longo, entre a "herança dos antepassados e o seu projecto de vida pessoal".
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