A constituição, no DF, de um espaço político próprio, tardiamente institucionalizado (meados dos anos 80) está estreitamente relacionada à singularidade da configuração social na qual ele emergiu. Durante sua história, Brasília superou sua vocação burocrática original e se desenvolveu de forma complexa, face sobretudo à chegada contínua de fluxos migratórios assimétricos. Limitada a princípios urbanísticos rígidos, ela deu origem a numerosas ramificações, e uma forte hierarquização se estabeleceu entre as cidades satélites que lhe circundam (as mais periféricas sob a forma de enclaves de pobreza). A diferenciação do espaço político brasiliense constitui um desdobramento deste processo ambivalente de expansão urbana. Sustentamos a hipótese de que sua especialização, em plena redemocratização, decorre de um contexto social específico : o da agravação da crise urbana relativa à distribuição do território no DF. O objetivo dessa comunicação é de restituir as modalidades pelas quais esse espaço político emergiu (suas condições de possibilidade, entendidas como condições estruturantes) e de analisar o desenvolvimento paradoxal que ele supôs.
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