A literatura sociológica enfatiza a forma como o risco é uma construção social destinada a legitimar determinadas práticas governamentais. O objectivo do nosso paper é o de debater a política portuguesa de inclusão social à luz da crescente teorização sobre a politização do risco social. Serão apresentadas três abordagens teóricas à politização do risco, nomeadamente as teses de Giddens e Beck sobre risco e modernidade reflexiva e a abordagem de Michel Foucault sobre risco e governamentalidade. Discutiremos o que cada perspectiva contribui ao nível do estudo académico da articulação entre riscos sociais, o recuo do "estado-previdência" e a crescente individualização das políticas sociais. O nosso argumento é o de que as abordagens não cognitivistas do risco, designadamente as teorias pós-estruturalistas, oferecem instrumentos de análise mais consistentes, pois não reificam a noção, fundamental em Beck e Giddens, de que a individualização equivale ao empoderamento pessoal. Comprovaremos as nossas asserções teóricas com a discussão do conteúdo e efeitos das recentes políticas portuguesas de inclusão social.
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