Este artigo tem como objectivo apresentar uma breve síntese de aspectos empíricos e conceptuais no âmbito de uma tese de doutoramento em Sociologia. A pesquisa incide sobre a população hindu radicada em Portugal, privilegiando as mulheres em torno de três espaços (doméstico, semi-doméstico e público) onde se procura equacionar a questão do poder feminino e a integração. Os dados recolhidos no decorrer do trabalho de terreno e de entrevistas em profundidade, realizadas à população hindu residente na região de Lisboa, procuram demonstrar algumas singularidades desta população radicada em Portugal: Enquanto as mulheres hindus se destacam como agentes integradores de características mais etnicizantes, os homens são agentes de integração de cunho mais marcadamente assimilacionista. A integração levada a cabo pelo grupo masculino é resultado da procura de uma certa solidariedade social e cultural na sociedade de destino, que lhes permita participar activamente em quadros de intenção preexistentes sem contudo abandonarem a suas pertenças identitárias. As mulheres por seu turno, promovem uma integração de tipo etnicizante ao assumirem como papel principal a manutenção da tradição religiosa e dos valores hindus.
Esta diferenciação de género apresenta um carácter funcional e complementar, baseado na diferenciação de papéis sociais entre os géneros, de acordo com a estrutura sociocultural e religiosa hindu. As mulheres hindus da diáspora, neste caso concreto as que vivem em Portugal, adquiriram gradualmente um novo tipo de poder social, agenciando uma importância sem pretendentes. Estas mulheres actuam em diversas esferas de acção, participando nos processos de tomada de decisões, em assuntos fulcrais para a manutenção da coesão comunitária, na delimitação da fronteira étnica, nos domínios da patrilinhagem, nas alianças matrimoniais e económicas, através do exercício do poder informal.
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