Pretendemos partilhar e colocar à discussão os resultados da análise realizada aos dados do Inquérito aos Orçamentos Familiares (IOF), de 1967 a 2006, e da Eurostat (1999). Através dela actualizamos e identificamos o que mudou ao nível das estruturas de consumo em Portugal (Continente e Região Norte), e contextualizamos a estrutura do orçamento familiar em Portugal relativamente às suas congéneres europeias. Esta análise insere-se no projecto de doutoramento que tem, ainda, como objectivo enquadrar o cruzamento da pluralidade disposicional e da sociologia dos indivíduos atendendo a quadros/cenários de interacção.
O enquadramento teórico que sustenta a análise do consumo enquanto prática social engloba os contributos da sociologia clássica em termos de consumo, designadamente Bourdieu, Elias, Kaufmann e Veblen e os defensores da sociologia do indivíduo, nomeadamente Goffman, Lahire, Featherstone e Bauman, entre outros. Ancorados nestes contributos discutiremos a unicidade e heterogeneidade do habitus e os conceitos de reflexividade e identidade.
Os resultados parciais obtidos até ao momento confirmam uma das grandes teses da sociologia do gosto e dos estilos de vida. A reorganização das rubricas de consumo, em função do gosto influenciado pela necessidade e do gosto pelo exercício da distinção deliberado, torna-as ainda mais discriminativas. Um conjunto de hipóteses laterais, resultantes da investigação empírica, centra-se na capacidade de reflexão e de mudança do orçamento familiar.
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