A progressiva desvinculação dos fenómenos e das relações sociais do espaço, desencadeada pela intensificação do processo de globalização, tem conduzido a leituras que tendem a "esvaziar" o espaço dos lugares, onde as práticas supostamente se deveriam inscrever. A proposta que aqui se faz é a de examinar esta tese à luz de uma investigação realizada nos últimos anos (2003-2006), sobre a chamada cultura hip-hop em Portugal. No estudo realizado, procurou-se analisar o hip-hop não só como um fenómeno que se configura em torno de lugares específicos (contextos, práticas, protagonistas), construindo desta forma um dado universo cultural, mas também averiguar como este se prolonga e emerge na Internet, através das redes e dos circuitos que se constituem em torno das diferentes manifestações desta cultura. Tal análise permitiu-nos questionar até que ponto o espaço se "desterritorializou2 ou, dito de outro modo, em que medida os fluxos "anularam" os lugares. Na verdade, e como veremos, entre os lugares, os fluxos e as redes, estabelece-se uma dinâmica interactiva e complexa, que deve ser examinada e que, em última instância, permitirá reabilitar a própria importância do espaço na análise sociológica.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados