Local e global tendem a ser caracterizados como domínios distintos e relativamente autónomos, sujeitos a dinâmicas diversas: o primeiro constituir-se-ia como um reino marcado pela co-presença e pela consequente marca de intensidade das relações sociais, o segundo pela mobilidade das pessoas postas em relação e pela consequente fluidez dos respectivos contactos. Dicotómicas, as relações entre tais domínios seriam assim caracterizadas por uma mera lógica de fronteira. Através da análise etnográfica de uma festa trance, evento de música electrónica, comummentedesignado por rave, com ocorrência em lugares afastados de centros urbanos, argumentar-se-á que não só a intensidade relacional não é exclusiva de uma co-presença prolongada ela pode, pelo contrário, resultar da mobilidade mas também que a realização de uma festividade deste tipo resulta não da oposição entre "local" e "global" mas da cooperação entre um nível e o outro.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados