Ao longo das últimas décadas é visível um aumento da procura, consumo e frequência das áreas rurais portuguesas, essencialmente por populações urbanas ou não rurais. Tal aumento inscreve-se nas transformações das sociedades contemporâneas em geral, e das áreas rurais em particular, e resulta da consolidação de um modo de produção e apropriação do espaço rural como bem de consumo e como património comum. O espaço rural afirma-se como espaço de reserva de recursos e bens ambientais e também como espaço de memória e de herança cultural. O objectivo que preside a este breve ensaio é o de procurar compreender como a reinvenção e a idealização do passado rural revelam o princípio de patrimonialização através da redescoberta de novas funções (uma segunda vida trazida pela nobilitação rural). Este processo é sustentado por operações de invenção, encenação e simulação de uma singularidade local e de uma continuidade histórica inerentes aos espaços rurais, suportando, assim, a emergência de novas procuras residenciais.
© 2001-2024 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados