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Resumen de O peso do lugar: mudança e reprodução social numa colectividade do Noroeste Português

José Madureira Pinto, Joao Queirós

  • Fonte Arcada era, há três décadas, uma colectividade muito marcada ainda por traços característicos da economia e sociedade camponesas, onde, portanto, era forte, para grande parte dos agentes sociais que nela habitavam, quer a dependência objectiva, quer a ligação subjectiva ao espaço local.

    A emergência, nessa altura, de um grupo social polarizado, através de migrações pendulares, pela bacia de emprego do Grande Porto estava, entretanto, a consolidar padrões de relações sociais, desde a esfera familiar à das redes de sociabilidade, passando pela própria estrutura da actividade agrícola, em divergência com o modelo até então dominante.

    Nos trinta anos subsequentes, intensificou-se o declínio da agricultura camponesa, avançaram os processos de urbanização, com relativa homogeneização de modelos culturais e padrões de consumo, aumentaram a intensidade e distensão das migrações pendulares, com diversificação dos destinos, generalizou-se o acesso a patamares de instrução mais elevados. Seria, então, previsível que uma revisitação sociológica da colectividade verificasse, hoje, uma significativa alteração da dependência objectiva e da ligação subjectiva dos seus habitantes ao espaço local.

    Não obstante as mudanças neste sentido que foi possível observar, não é menos impressivo o facto de permanecer muito vincada a importância de processos de identificação estruturados em torno do lugar. Sendo certo que algumas dependências objectivas parecem atenuadas ou mesmo, para alguns, superadas, permanecem, ainda assim, na colectividade, por razões que se prenderão, entre outras, com as lógicas da propriedade fundiária, a permanência de um modelo de economia doméstica e entreajuda de tipo familista e a necessidade de mobilização de redes de parentesco e de vizinhança para o acesso ao mercado de trabalho, muitos traços da ligação ao espaço local.

    A relação das populações com a escola, a configuração das estruturas produtivas, a restrição de oportunidades de trabalho a segmentos pouco qualificados, o forte condicionamento do tempo de não-trabalho imposto pela intensidade das ocupações e do tempo destinado a deslocações casa-emprego, o fechamento do campo dos lazeres no espaço doméstico, são alguns dos factores que, plausivelmente, explicarão a manutenção do peso do lugar numa colectividade aparentemente muito permeada por pressões exógenas de mudança.


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