As fachadas azulejadas são mais que simples revestimentos de edifícios, são testemunhos de toda uma história técnica, arquitectural e cultural do edifício e da sua envolvente. No início do século XIX dá-se o inicio da produção industrializada de azulejos em Portugal. Algumas das fachadas azulejadas da época chegaram aos nossos dias muito degradadas e necessitando de urgente intervenção. O destacamento dos azulejos antigos é muito frequente. Terão de ser formuladas novas argamassas com características de compatibilidade e aderência com o suporte e o azulejo. Em alguns casos de perda ou degradação extrema dos azulejos antigos, poderão ter de ser usadas réplicas para colmatar lacunas.
O mecanismo de aderência desenvolve-se na interface azulejo/argamassa. A ligação entre argamassas de cal aérea e os azulejos é maioritariamente física. As partículas finas da argamassa, transportadas pela água, penetram na estrutura porosa do azulejo e a ligação começa a desenvolver-se com a carbonatação do ligante no interior dos poros do azulejo. As características porosas do azulejo são muito importantes neste mecanismo; o tamanho dos poros e a sua interligação assumem principal importância.
Alguns azulejos antigos, representativos da época, foram caracterizados no seu comportamento migratório de água e foi estudada a estrutura porosa da sua face cerâmica; alguns azulejos novos e réplicas de azulejos antigos foram igualmente caracterizados. Foram realizados ensaios de absorção de água por capilaridade, permeabilidade ao vapor de água, porosimetria por intrusão de mercúrio e porosidade aberta. Com base nos resultados obtidos estabeleceram-se alguns princípios para a escolha das formulações de argamassas a usar no reassentamento de azulejos antigos e delineou-se o prosseguimento do estudo.
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