Resumen de Descontaminação microbiana e parasitária da água utilizando processos eletrointensivos
Cláudia M. Melo, Daniel S. Siqueira, Marluce S. Santos, Taíssa A. S. Calasans, Álvaro S. Lima, Eliane B. Cavalcanti, Regina M. B. Franco
O processo eletroquímico foto-assistido, também chamado de foto-eletroquímico, consiste na percolação da solução a ser tratada através de um reator eletrolítico onde o anodo, revestido com óxidos metálicos, permanece sob a incidência da radiação ultravioleta (UV). O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência do processo foto-eletroquímico na desinfecção da água quanto à contaminação microbiana e parasitológica. Inicialmente, amostras de água foram contaminadas artificialmente a partir da suspensão de pool de material fecal humano. O processo de descontaminação da água foi realizado em reator foto-eletroquímico, com volume total de 10,0 L com sistema em batelada. Foi utilizado como eletrólito suporte composto pela solução de perclorato de sódio à 0,1 mol/L e 130 mL do material fecal sedimentado. Foi aplicada uma densidade de corrente de 14 mA com auxílio de uma fonte e uma vazão de 250m3/h medida por um rotâmetro. A radiação ultravioleta foi proporcionada por uma lâmpada a vapor de mercúrio de 55 W, sem seu bulbo protetor, inserida no centro dos eletrodos por meio de um bulbo de quartzo. Por um período de tratamento de 60 minutos. As amostras coletadas após tratamento foram analisadas primeiramente quanto aos seus aspectos físico-químicos de pH, condutividade (leitura potenciométrica), DQO (método colorimétrico, refluxo fechado) e turbidez (medida em turbidímetro). Os resultados das análises microbiológicas mostraram que cerca de 80% das amostras são positivas para Escherichia coli. No tempo de tratamento de 30 min, somente ovos de Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura foram detectados nas preparações, sendo que após 60 min, nenhum estágio de desenvolvimento parasitário foi detectado, evidenciando sua degradação. A avaliação parasitológica quantitativa da água, após o tratamento foto-eletroquímico, indica que houve uma redução na concentração de protozoários e helmintos de aproximadamente 93,33%. A avaliação morfológica dos ovos de helmintos das superfamílias Trichostrongyloidea e Trichinelloidea revelou que após o tratamento eletrointensivo, estes estágios de desenvolvimento adquiriram aspecto elipsóide e material germinativo inviável. Observou-se que os valores do pH, condutividade, DQO e turbidez das amostras de água contaminada com material fecal após exposição ao tratamento foto-eletroquímico apresentaram resultados decrescentes em uma ordem crescente de tempo de tratamento. Verificou-se queda de 40% no pH e redução no DQO de 589 mg/L no meio racional para 328 mg/L, representando remoção de aproximadamente 56%. Quanto à condutividade e turbidez, a queda foi de 8% e 81% (queda brusca), respectivamente. Estes dados sugerem a eficiência de um reator foto-eletroquímico na descontaminação/desinfecção da água quanto à contaminação com protozoários, helmintos e bactérias; e seu potencial para implantação em pequenas comunidades humanas.
