Nos discursos anticomunistas alemães da Guerra Fria, a imagem do Exército Vermelho como �horda de violadores� funcionou como estratégia de exclusão na construção de uma identidade nacional regida por �valores ocidentais�. Analisarei a dimensão ideológica dos estereótipos de mulheres violadas e as construções de masculinidade que perpassam dois textos emblemáticos de memórias da fuga e expulsão dos alemães da Europa Central e de Leste e um romance de propaganda anticomunista norte-americano. Tentarei demonstrar que as violações de mulheres alemãs por soldados soviéticos no desfecho da Segunda Guerra Mundial foram interpretadas como produto de uma �barbárie asiática� e do comunismo. A instrumentalização dessas violações, ao diabolizar a União Soviética, favoreceu os dois pilares da política externa da República Federal da Alemanha: a integração europeia e a aliança transatlântica.
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