A autobiografia existencial que Ruben A. publica, com pouco mais de quarenta anos, coloca uma particular relação com o tempo, legível através do que podemos designar como a sua espacialização, e que é possível pôr em contacto com o conjunto de pesquisas sobre a memória que sublinham precisamente a sua manifestação através de figuraçóes espaciais. A ansiedade associada ao devir temporal conhece aqui uma muito específica reverberação espacial, que compensa a perturbação do tempo pelo fulgor com que as imagens oferecem a revisitação do passado. A infância recebe, neste contexto, uma muito particular atenção, nela se concentrando a sedimentação do que depois virá a ser sentido como esplendor perdido: a travessia da história pessoal torna-se, assim, um dos factores dominantes da organização do texto.
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