Este ensaio toma como ponto de partida premissas teóricas sobre o diário como género literário estabelecidas diversamente por Jean Rousset, Béatrice Didier, e em especial Mireille Calle-Gruber. Aplica-as numa análise de três colectâneas de poemas de José Gomes Ferreira, Ana Luísa Amaral e Teresa Rita Lopes. O ensaio analisa os vários modos em como poesia constitui escrita autobiográfica e especialmente como se apropria da forma do diário para esse efeito. O ensaio distancia-se da perspectiva do diário como intimista preferindo concentrar-se no seu aspecto enfabulador, na esteira de Calle-Gruber. A tese principal do ensaio refere como o género do diário é representado nos poemas como um constructo fictício, oculto, ou impossível, ao mesmo tempo que reflecte a realidade através de uma retórica enunciativa única. A metáfora do 'bordado' é exposta como representativa de textos cuja forma combina a poesia e a diarística.
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