Testemunhos recolhidos de responsáveis de escolas reportam-nos o impacto, multidimensional e extensivo, dos exames nacionais de 12º ano como um dos eixos estruturantes do ensino secundário. Segundo os sujeitos entrevistados, o exame nacional: institui um padrão de referência (em termos dos objectivos e conteúdos para a educação); produz um efeito de fabricação de conformidade ao nível do desenvolvimento curricular; fornece um critério de apreciação do desempenho dos estabelecimentos e dos docentes; influencia ainda o exercício do ofício de aluno bem como da autonomia e identidade profissionais docentes.
A comunicação que aqui apresentamos pretende constituir-se como um espaço de reflexão e partilha de dados parcelares de uma investigação em curso, e que, genericamente, inscrevemos nos complexos processos de (multi)regulação da educação. O estudo desenvolve-se num concelho do norte de Portugal (convencionalmente designado Vila Formosa), circunscrevendo-se às escolas com oferta de ensino secundário. Tomando como suporte as narrativas de dirigentes escolares, estamos criticamente conscientes de que a análise proposta envolve �um estudo interpretativo de uma acção interpretada� (Sarmento, 2000: 242). Assim, no trabalho apresentado, sugerimos que, dada a ampla gama de efeitos que é susceptível de gerar, o exame nacional de conclusão do ensino secundário é experienciado pelos actores como um eixo regulador das relações sócio-educativas nas escolas, contribuindo para definir o quadro em que as instituições operam.
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