José Mauricio Saldanha Alvarez
A colonização na América portuguesa nasceu da violência a partir da metrópole européia, que determinou o surgimento de uma estrutura produtiva voltada para atender os interesses externos. Ao impor o trabalho compulsório no trópico como componente fundamental de uma economia em rede e destinada a arrecadar velozmente as taxas desejadas de lucratividade, instalou-se uma sociedade fortemente hierarquizada e clivada pela escravidão moderna. As profundas contradições resultantes são reconfigurados em rituais que encenam a morte como a continuidade do statu quo. Segundo Egon Flaig, Michel Vovelle, e Jara Fuente, a cultura e os agentes sociais que a produzem se esforçam com sua arte em produzir a cena eterna resultando numa imagem do além conformado como um território onde a elite projeta e rebate sua dominação simbólica. A produção de contratos com a igreja católica romana em situação colonial apontam para as várias facetas da representação da passagem para a eternidade como uma perpetuação estrita do sistema de poder do Antigo Regime português.
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