A partir de uma concepção deliberativa de democracia, este trabalho tem como propósito analisar o papel que a mídia comunitária desempenha em lutas sociais, ao criar um espaço para a expressão e o intercâmbio de razões em público. O objetivo do artigo é, portanto, explorar a relação entre mídia e deliberação, sendo esta entendida como uma "rede de discursos", que encampa vozes de diversos atores, num vai e vem argumentativo entre diferentes âmbitos interativos. Procuramos compreender, empiricamente, a dinâmica argumentativa em que se constrói aquilo que Habermas chama de comunicação sem sujeito através da análise de discursos produzidos no interior de um movimento social brasileiro (o Morhan - Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase). Por meio da observação de trocas argumentativas que se processam dentro do Jornal do Morhan, apontamos a dinâmica através da qual as opiniões são apresentadas e, paulatinamente, refinadas, de modo a se transformarem em reivindicações e argumentos calcados em princípios gerais passíveis de defesa perante a sociedade como um todo. É nesse sentido que percebemos que um jornal de circulação bastante restrita tem desempenhado papel vital em uma luta que é complexa e perpassada por diversas variáveis.
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