Resumen de A imprensa regional e comunicação política: as eleições autárquicas de 2005
Neste trabalho, analisa-se a Imprensa semanal dos Distritos de Guarda e de Castelo Branco, durante as duas semanas que coincidiram com a campanha eleitoral para as eleições autárquicas. A hipótese que se pretendeu testar é a de que esta região apresenta uma fraca diferenciação sistémica, a qual impede o sistema político e o espaço público de constituírem espaços autónomos de controvérsia legítima. O subsistema dos mass media destas regiões apresenta uma escassa autonomia capaz de originar critérios específicos de observação que possibilitem a detecção e tematização de problemas a serem abordados no espaço público e no sistema político. Neste ensaio, recorre-se à análise crítica de discurso para identificar nos jornais analisados a existência de um enquadramento que apresenta a região como um espaço de consensos que omite a divergência e controvérsia legítimas. Este enquadramento torna-se, por sua vez, condicionante da agenda dos media, pois só se aceita a inclusão de tópicos que não perturbem os seus limites. Finalmente, tenta-se demonstrar que esta escassa diferenciação do sistema político, do espaço público e do subsistema dos mass media anda associada a uma hipertrofia do mundo da vida, à subordinação do sistema político a elementos valorativos próprios da tradição, e à incapacidade de afirmação profissional e organizacional por parte do sistema dos mass media regionais. As marcas desta escassa diferenciação sistémica são particularmente visíveis na cobertura mediática das eleições autárquicas onde se constrói uma espécie de imagem consensual da comunidade ideal. A agenda dos media e do sistema político é construída em função desta imagem, mostrando-se escassamente sensível ao conflito entre pretensões de validade legítimas e contraditórias.
