María Luiza Martins de Mendonça
Esse trabalho é resultado de pesquisas realizadas com diferentes ONGs que atuam em distintas áreas visando identificar que práticas comunicativas podem ser mais eficientes quando se busca transformar maneiras de ser, de conceber o mundo e de atuar dentro dele, isto é, quando a intenção é provocar mudanças subjetivas. Essa explicação é necessária porque, no Brasil, o Terceiro Setor é um segmento extremamente heterogêneo, em que cabem desde movimentos sociais e ONGs progressistas e transformadoras até instituições religiosas, de caridade ou mesmo patronais. Foram investigadas as práticas comunicativas realizadas por diferentes organizações não-governamentais (com destaque para as que trabalham com meio ambiente, gênero ou infância) e já se pode apontar alguns resultados teóricos e práticos. Em termos teóricos, a questão da mudança subjetiva deve ser concebida considerando a percepção que o indivíduo tem de sua relação com a sociedade e do seu campo de possibilidades, que parece se ampliar à medida que ele passa a exercer um papel de sujeito ativo, protagonista de sua história. Em conseqüência, em termos empíricos, também muda o papel do comunicador, que deverá atuar estimulando os indivíduos à ação. A necessária profissionalização das atividades de comunicação deve, então, considerar a clientela de ONGs da perspectiva da cidadania e não como consumidores de produtos ou serviços, como antes. Nesse caso, as redes de comunicação se revelaram um instrumento estratégico relevante e inclusivo, capaz de mudar concepções, crenças e, sobretudo, formas de intervir no mundo.
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