Trabalhando com as representações do masculino no discurso feminino, nosso objetivo é desvelar o pensamento masculino projetado no modo ver o mundo e nele verem-se a si mesmas das próprias mulheres. Inserida numa ordem de valores que representam a maneira masculina de pensar e de organizar o mundo, o que inclui o desvalor do feminino, a mulher reproduz em seu discurso os mesmos valores do universo que a deprecia, assumindo a minusvalência que lhe é atribuída. Fixada no inconsciente de ambos, durante séculos de dominação, a ordem masculina, que define nossa cultura e civilização, impõe-se sobre as instituições que governam nosso saber, nossa crença e nossa moral, impedindo um questionamento de suas causas e de sua permanência. Nesse sentido, é necessário também mencionar o poder de perpetuação que os símbolos possuem: agindo diretamente no nosso inconsciente, eles perpetuam valores discutíveis em incontestáveis verdades. Muito mais do que idéias, eles congregam sentimentos e emoções.Daí vem a força de perpetuação de que são investidos. O movimento feminista do século XX, embora lutasse pela igualdade de direitos das mulheres, sequer entreviu a dimensão d problema. Amparando-nos nos fundamentos teóricos da Análise do Discurso de linha francesa, pesquisamos as marcas enunciativas e a ideologia que revelam o comprometimento da mulher com o universo de valores que, em principio, a reconhece como subordinada e inferior. Destruir os preconceios que ainda hoje atuam, subliminarmente nas relações entre homens e mulheres, e construir laços mais sólidos entre ambos são nosso propósito e objetivo.
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