O género deve ser perspectivado como uma construção histórica das relações de poder entre homens e mulheres, e deve contemplar definições plurais de masculinidade e feminilidade (Connell, 1990). O desporto é um mundo onde o conhecimento, alicerçado em relações de poder, não é neutro, em que a quase totalidade desse mesmo conhecimento é construída, validada e representada por homens (Scraton, 1997). Esta hegemonia masculina não deve ser considerada como algo estático, mas como um processo que, embora frequentemente contestado, desenvolve formas adaptativas e reconstrutivas. A própria noção de hegemonia masculina sofre de uma dominância quando se expressa por uma heterossexualidade e por um poderio físico, revelado por um modelo de corpo.
Para além do considerado, parece evidente a presença de uma cultura homofóbica também no domínio das práticas desportivas. Alguns estudos (Young, 1997; Scraton et al. 1999) salientam a complexa relação entre o praticar um desporto tradicionalmente masculino e as construções de feminilidade e sexualidade. O clima homofóbico do desporto pressiona as mulheres atletas a apresentar uma imagem feminina heterossexual (Cox e Thompson, 2000), como também parece exercer uma necessidade de rapazes e homens reforçarem a imagem da sua masculinidade, quando os gestos e expressões corporais do desporto praticado não a ratificam (Williamsom, 1996).
Será em torno destas questões que se situará a nossa reflexão, realçando-se os estudos de género no âmbito do desporto
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