Margarita Chaves
, Julián Rodríguez
La propiedad colectiva ocupa hoy un lugar central en las políticas públicas agrarias y en las demandas de las organizaciones indígenas y afrodescendientes en Colombia. Al concentrar el mayor número de solicitudes de formalización de títulos colectivos a nivel nacional, Putumayo constituye un caso paradigmático. Allí, el auge de demandas de titulaciones colectivas coincide con un escenario de alta informalidad en la tenencia de la tierra, determinado por los efectos acumulados de las economías extractivas asociadas al petróleo y al cultivo ilícito de hoja de coca, el accionar de grupos armados al margen de la ley y la ineficacia del estado para solucionar conflictos relacionados con la distribución de la tierra. En este artículo analizamos los sentidos contrastados que el estado y las comunidades rurales asignan al dispositivo jurídico de la propiedad colectiva, en un contexto dinamizado por el andamiaje legal de la restitución y formalización de la propiedad para comunidades étnicas del medio y bajo Putumayo. Nos basamos en información etnográfica recolectada entre 2022 y 2024, en el marco de una investigación sobre las tensiones entre comunidades indígenas y afrodescendientes inscritas en la ruta colectiva de reparación contemplada en la Ley de Víctimas y Restitución de Tierras. El artículo expone la manera en que las políticas de restitución y formalización de la propiedad jurídica colectiva entran en tensión con las dinámicas político-económicas regionales y las transformaciones sociales y culturales que las comunidades han experimentado. Al mismo tiempo, muestra cómo la promesa de beneficios sociales y políticos que subyace a estas políticas ha llevado a las comunidades a perseguir formas híbridas de tenencia —entre lo individual y lo colectivo— como una estrategia para subsanar injusticias históricas, afectaciones sufridas en el marco del conflicto armado e incumplimientos reiterados en la garantía de los derechos diferenciales consagrados en el régimen multiculturalista.
Collective property currently occupies a central position in Colombia’s public agrarian policies and in the demands of Indigenous and Afro-descendant organizations. Putumayo, which concentrates the highest number of requests for collective land title formalization in the country, represents a paradigmatic case. The growing demand for collective titling there coincides with a landscape of widespread land tenure informality, shaped by the cumulative impact of extractive economies linked to oil production and illicit coca cultivation, the presence of illegal armed groups, and the state’s persistent inability to resolve conflicts over land distribution. This article examines the divergent meanings that the state and rural communities assign to the legal framework of collective property, within a context driven by the legal mechanisms of land restitution and ownership formalization for ethnic communities in the middle and lower Putumayo. The analysis is based on ethnographic research carried out between 2022 and 2024 as part of a broader study on the tensions between Indigenous and Afro-descendant communities participating in the collective reparation process established by the Victims and Land Restitution Law. The article highlights how restitution and formalization policies for collective legal property clash with regional political and economic dynamics, as well as with the social and cultural transformations experienced by local communities. At the same time, it shows how the promise of social and political benefits embedded in these policies has driven communities to pursue hybrid forms of land tenure—combining individual and collective ownership—as a strategy to address historical injustices, repair harms endured during the armed conflict, and confront the state’s repeated failures to guarantee the differentiated rights recognized under the multiculturalist framework.
A propriedade coletiva ocupa atualmente um lugar central nas políticas públicas agrárias e nas demandas das organizações indígenas e afrodescendentes na Colômbia. O Putumayo constitui um caso paradigmático por concentrar o maior número de solicitações de formalização de títulos coletivos em nível nacional. Nessa região, o auge de demandas por titulação coletiva coincide com um cenário de alta informalidade na posse da terra, determinado pelos efeitos cumulativos das economias extrativistas associadas ao petróleo e ao cultivo ilícito da folha de coca, pelas ações de grupos armados ilegais e pela ineficácia do estado na resolução de conflitos relacionados à distribuição de terras. Neste artigo, analisamos os significados contrastantes que o estado e as comunidades rurais atribuem ao dispositivo jurídico da propriedade coletiva, em um contexto atiçado pelo arcabouço jurídico da restituição e da formalização da propriedade coletiva para as comunidades étnicas do médio e baixo Putumayo. Baseamo-nos em informações etnográficas coletadas entre 2022 e 2024, como parte de uma investigação sobre as tensões entre comunidades indígenas e afrodescendentes inscritas na rota de reparação coletiva contemplada na Lei de Vítimas e Restituição de Terras. O artigo expõe a maneira como as políticas de restituição e formalização da propriedade jurídica coletiva entram em tensão com as dinâmicas político-económicas regionais e as transformações sociais e culturais que as comunidades têm experimentado. Ao mesmo tempo, evidencia como a promessa de benefícios sociais e políticos subjacente a essas políticas levou as comunidades a buscar formas híbridas de posse — entre o individual e o coletivo — como estratégia para corrigir injustiças históricas, afetações sofridas no contexto do conflito armado e violações recorrentes na garantia dos direitos diferenciais consagrados no regime multiculturalista.
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