O golpe palaciano de 1 de dezembro de 1640 colocou termo ao domínio de cerca de 60 anos dos Áustrias e abriu um novo capítulo na história da monarquia portuguesa, pontuada pela restituição ao trono de Portugal do «rei natural dos portugueses», na figura de D. João de Bragança. O episódio não é inócuo, nem isolado, mas germina numa conjuntura intricada e complexa que, por um lado, tem como pano de fundo um conflito à escala continental entre as principais potências europeias, que se arrastava desde 1618; e, por outro lado, foi o culminar de uma política peninsular «fortemente contestada» em vários quadrantes, levada a cabo pelo conde-duque de Olivares, valido de Filipe IV. A Aclamação foi a reação de uma aristocracia portuguesa secundarizada, ou ausente, da esfera de Madrid e do cosmos Habsburgo, estagnada, sob forte pressão fiscal e tributária. Além das dificuldades e dos problemas que ecoavam no território português europeu, também o império se achava em constante ameaça, com reveses políticos e militares no Oriente e no Atlântico
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