Eugénia Taveira, Daniela Pedrosa de Souza, Anabela Pereira, Madalena Cunha
O trabalho assume um importante espaço na vida do ser humano, permitindo-lhe a sua sobrevivência, satisfação de necessidades e realização pessoal, e tendo impacto na saúde física e mental, na satisfação com a vida em geral, nas relações familiares e sociais, entre outras dimensões. No entanto, existem ameaças, ao nível físico e psicoemocional que colocam em risco este desígnio, impossibilitando o alcance de uma saúde de qualidade. O estudo teve como objetivo identificar os fatores psicossociais que representam maior risco para a saúde dos funcionários de uma universidade pública portuguesa, sinalizados pelos próprios, motivado pela ausência de estudos na área da saúde ocupacional nesta população em particular. Aplicou-se a versão portuguesa adaptada do questionário Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQ) II – Versão média para identificar fatores psicossociais de risco no trabalho, enviado via on-line, durante o mês de novembro de 2021. A amostra é constituída por 72 participantes, sendo 65,3% do género feminino e 34,7% do género masculino. Da totalidade dos inquiridos, 61,1% são da área administrativa e 38,9% são investigadores. Os resultados evidenciam que os fatores psicossociais com maior risco para a saúde destes funcionários foram: 1) Ritmo de trabalho - em que 26,4% dos inquiridos afirmaram que frequentemente precisam de trabalhar muito rapidamente, 9,7% afirmou mesmo ter de trabalhar muito rapidamente sempre; 2) Exigências cognitivas - onde 37,5% dos inquiridos afirmou que o seu trabalho exige sempre a sua atenção constante e 38,9% declarou que frequentemente o seu trabalho exige a sua atenção constante. Entretanto, 30,6% respondeu que o seu trabalho requer que seja bom a propor novas ideias sempre e 37,5% respondeu frequentemente. Relativamente à tomada de decisões difíceis 36,1% afirmaram que frequentemente o trabalho exige a tomada de decisões difíceis; 3) Exigências emocionais – tendo 27,8% respondido que frequentemente que o trabalho exige emocionalmente de si e 11,1% que o trabalho exige emocionalmente de si sempre; 4) Saúde e bem-estar - exaustão física e emocional - em que 26,4% dos inquiridos afirmou sentir-se frequentemente fisicamente e emocionalmente exausto e 8,3% afirmou sentir-se fisicamente e emocionalmente exausto sempre. Os resultados mostram que várias dimensões da atividade laboral merecem especial atenção e que sejam delineadas estratégias de educação para a saúde que permitam a esta população lidar com as exigências laborais aqui sinalizadas, e que promovam a saúde dos funcionários, através do incentivo à prática de estilos de vida saudáveis, salientando a importância do autocuidado.
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