Maria Teresa Schiappa de Azevedo
Following on from a previous article on col. 14 of the Papyrus of Derveni, the question of divine names is now analyzed in comparison with the Platonic Cratylus, whose etymology section contains a clear parodic intention to the Orphic allegorical procedures, supported by etymological speculations. For the poem’s commentator, moreover, Uranus, Cronos and Zeus are a single entity (Nous), which is shown in the explanation of the divine names: the term nous, by etymological or semantic association (in the case of Zeus) is dominant in it, integrating itself into a cosmogonic context, which Cratylus replaces with an ethical and theological criterion. It is also shown how the ambiguity of the commentator’s language allows him to monopolize the poem’s doctrine, creating another message about it. This is what happens with the “great feat”, which the Orphic poem would link to Cronos, but which in the Papyrus is understood to be Uranus
Na sequência de um artigo anterior sobre a col. 14 do Papiro de Derveni, analisa-se agora nomes a questão dos nomes divinos em confronto com o Crátilo platónico, cuja secção das etimologias contém uma intenção paródica clara aos procedimentos alegóricos dos órficos, apoiados nas especulações etimológicas. O nomothetes do Crátilo tem certamente a ver com a função atribuída no Papiro a ‘Orfeu’. Para o comentador do poema, de resto, Urano, Cronos e Zeus são uma única entidade (Nous), o que é mostrado na explicação dos nomes divinos: o termo nous, por associação etimológica ou semântica (no caso de Zeus) é nela dominante, integrando-se num contexto cosmogónico, que o Crátilo substitui por um critério sobretudo ético e teológico. Mostra-se também como a ambiguidade da linguagem do comentador lhe permite monopolizar a doutrina do poema, criando sobre ela uma outra mensagem. Assim acontece com o “grande feito”, que o poema órfico ligaria a Cronos, mas que no Papiro se subentende ser Urano.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados