In this article, we analyze and interpret a series of female portraits found in poems attributed to João Xavier de Matos (c. 1730-1787), an erudite figure who studied Law at Coimbra and served as an Ouvidor (a judicial magistrate). By the 1760s, the poet had become associated with the Arcadia Portuense, where he adopted the pastoral pseudonym Albano Eritreu. Like many eighteenth-century poets, Xavier de Matos left behind few biographical traces—a fact that invites reflection, given his technical mastery of verse and his adept engagement with classical poetic conventions. In this study, we also explores the rhetorical strategies the poet employed in crafting his characters, particularly his deliberate intertextuality with the auctoritates, most notably Luís de Camões, to whom he dedicated his Rimas. This dialogue with literary tradition challenges the labels often imposed on his work—whether as a neoclassical or preRomantic poet—and counters later dismissals of his poetry as derivative or second-rate. Such critiques, shaped by Romantic-era biases (e.g., charges of artificiality, plagiarism, or unoriginality), risk distorting our understanding of his verse. By reassessing Xavier de Matos’s oeuvre within its own historical and aesthetic framework, we aim to move beyond anachronistic judgments and recover the nuances of his poetic contribution.
Neste artigo, propõe-se analisar e interpretar alguns retratos femininos, encontrados em poemas atribuídos a João Xavier de Matos (c. 1730-1787), homem letrado que cursou Direito em Coimbra, tendo ocupado o cargo de Ouvidor. A partir da década de 1760, o poeta frequentou a Arcadia Portuense, onde era conhecido como pastor Albano Eritreu. A exemplo do que acontece com diversos autores do século XVIII, as notícias biográficas sobre Xavier de Matos são poucas, o que chama atenção, tendo em vista que ele demonstra perícia na composição de versos, aplicando preceitos herdados aos poetas antigos. Também será examinada parte dos artifícios utilizados pelo autor ao construir personagens, levando em conta o diálogo explícito que estabelece com as auctoritates, especialmente Luís de Camões — a quem dedica suas Rimas. Esse diálogo entre João Xavier de Matos e a assim chamada tradição permite questionar determinadas etiquetas que costumavam ser afixadas à sua obra, tais como autor neoclássico ou pré-romântico. Também houve aqueles que o rebaixaram a poeta de segunda categoria, atribuindo-lhe conceitos que passaram a circular com valor negativo a partir do Romantismo, tais como artificialidade, plágio ou falta de originalidade. Objetiva-se reposicionar a produção de Xavier de Matos, evitando o uso anacrônico de termos que não pertencem ao tempo e lugar em que esses versos circularam.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados