Ódio como projeto: emoções, discurso e poder

• Lima, Helcira ^[1]
  1. [1] Universidade Federal de Minas Gerais

     Universidade Federal de Minas Gerais

     Brasil

     
• Localización: Hexis: Revista Iberoamericana de Retórica, ISSN-e 3101-0393, Nº. 1, 2025 (Ejemplar dedicado a: Retórica y emociones / coord. por María Alejandra Vitale), págs. 69-87
• Idioma: portugués
• Títulos paralelos:
  • Hate as a project: emotions, discourse and power
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• Resumen
  • English

    In recent decades, emotions have become a legitimate and privileged object of study not only in the humanities and social sciences but also in linguistics. This interdisciplinary field—marked by convergences and disputes—brings together diverse theoretical approaches. Although these perspectives have distinct and sometimes contradictory foundations, their very variety demonstrates the growing multidisciplinary interest in the subject. In this article, we draw on this theoretical heterogeneity to analyze hatred and its mechanisms of discursive construction, considering the current context of polarization and the rise of radical ideologies. To do so, we examine two recent events in Brazil, widely covered in the media and on social networks, which serve as supporting corpus for our reflection. Both cases illustrate how hatred can indirectly serve a broader power project. Our goal is not to exhaust all possible analyses but to contribute to the discussion on the relationship between emotions and hate speech, in light of theoretical contributions from Butler (2021) and Bailly and Moïse (2021). The investigation is based on Discourse Analysis, particularly argumentation in discourse (Amossy, 2010), as well as studies on rhetoric and argumentation (Meyer, 2008) and emotion (Ogien, 1993; Plantin, 2011; Micheli, 2014). We proceed from the premise that hate speech stigmatizes, discriminates, and inflicts violence based on belonging to an ethnic, social, religious, or other group. This discourse not only incites fear and violence—both physical and symbolic—but also promotes dehumanization and the reproduction of oppressive structures. Its primary objective is the silencing of the groups it victimizes.

  • português

    Nas últimas décadas, as emoções consolidaram-se como objeto de estudo legítimo e privilegiado não apenas nas ciências humanas e sociais, mas também na linguística. Esse campo de estudos interdisciplinar — marcado por convergências e disputas — reúne diversas abordagens teóricas. Embora essas perspectivas tenham fundamentos distintos e, por vezes, contraditórios, sua própria variedade demonstra o crescente interesse multidisciplinar pelo tema. Neste artigo, partimos dessa heterogeneidade teórica para analisar o ódio e seus mecanismos de construção discursiva, considerando o cenário atual de polarização e ascensão de ideologias radicais. Para isso, examinamos, a partir de uma abordagem qualitativo-interpretativa, dois eventos ocorridos recentemente no Brasil, amplamente divulgados na mídia e nas redes sociais, os quais servem de corpus de apoio à reflexão empreendida. Ambos os casos ilustram como o ódio pode, indiretamente, atender a um amplo projeto de poder. O objetivo não é esgotar as análises possíveis, mas contribuir para a discussão sobre a relação entre emoções e discurso de ódio, tendo em vista as contribuições teóricas de Butler (2021) e Bailly e Moïse (2021). A investigação baseiase na Análise do Discurso, especialmente, na argumentação no discurso (Amossy, 2010), e nos estudos sobre retórica e argumentação (Meyer, 2008) e emoção (Ogien, 1993; Plantin, 2011; Micheli, 2014). Partimos do princípio de que o discurso de ódio estigmatiza, discrimina e violenta, em função do pertencimento a um grupo étnico, social, religioso etc. Esse discurso não apenas incita o medo e a violência — tanto física quanto simbólica — como também promove a desumanização e a reprodução de estruturas opressivas. Seu objetivo primordial é o silenciamento dos grupos que vitimiza.