A partir de semelhanças temáticas e de motivos repetidos, estabelece-se uma aproximação entre Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis e O ventre (1958), romance de estréia de Carlos Heitor Cony. Helena, personagem de O ventre, carrega nos olhos estrábicos a ambiguidade de Capitu e, no ventre, um filho bastardo. No prefácio à edição recentemente revista desse romance, Cony explicita sua proximidade com o universo da ficção machadiana, atribuindo aomestre a herança de certo "sentimento amargo e áspero". Este trabalho parte de coincidências nos níveis externos dos romances citados para pesquisar a comunhão de tons e e uma visão de mundo cética, ou relativista, a partir da qual ambos os autores traçam a história dos "subúrbios que todo homem carrega dentro de si".
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