Este estudo é uma discussão sobre a identidade social da pessoa com epilepsia, através da análise da representação da epilepsia em filmes ocidentais datados a partir de 2005. Nosso corpus fílmico foi determinado por relevância do tipo de produção, para desenvolver um comparativo de linguagens audiovisuais a partir de três obras ficcionais: O Exorcismo de Emily Rose (2005), Réquiem (2006) e Eletricidade (2014); e três obras documentais Zach, a film about Epilepsy (2009), Ilegal – a vida não espera (2014) e A seizure by Nathan Jones (2011). Ao longo de nossa análise, percebemos que os estudos anteriores sobre epilepsia relacionados ao cinema não levavam em conta a questão de alteridade, identidade e representação social da pessoa com epilepsia, e por isso, para contribuir com a pesquisa nesse campo, buscamos trazer esse novo viés a temática.
Recorremos aos estudos em sociologia, antropologia médica e estudos culturais como aparatos de investigação. E com base na metodologia de análise de Michel Foucault, em História da sexualidade vol. I – vontade do saber (1988), desenvolvemos nossa própria metodologia para analisar os filmes citados, que consistiu resumidamente nos seguintes passos: levantamento contextual do tipo de produção; análise do discurso do roteiro e abordagem do tema;
análise da representação da crise de epilepsia e análise das relações entre os personagens e instituições representadas ou envolvidas.
O cinema possibilita olharmos para a nossa realidade social e analisá-la, identificando os papéis das instituições sociais, a reverberação dos discursos nos corpos dos sujeitos, o corpo como extensão da identidade, e as percep- ções sociais. Através das análises, concluímos que os discursos sociais ainda reproduzem o estigma da epilepsia, que continua representado de forma predominante no cinema. De maneira diacrônica, a representação ocidental predominante da epilepsia mudou das percepções de possessão espiritual para a percepção médica clínica de acordo com nosso contexto cultural. Atualmente, contudo, as discussões sobre a normalização do corpo, identidade e o biopoder se repercutem em nossa sociedade, abrindo espaço para a expressão de novas subjetividades na ficção e no documentário.
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