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Resumen de Cineastas indígenas, documentário e autoetnografia: um estudo do projeto Vídeo nas Aldeias

Juliano José de Araújo, Marcius Freire (dir.)

  • Criado em 1986 pelo indigenista e documentarista Vincent Carelli, o projeto Vídeo nas Aldeias (VNA) objetiva fortalecer as identidades, patrimônios culturais e territoriais dos povos indígenas através dos recursos audiovisuais. O VNA atua como uma escola de cinema para os povos indígenas brasileiros por meio de oficinas de formação em audiovisual realizadas nas aldeias e na sede do projeto, em Olinda, no estado de Pernambuco. Desempenha também um papel fundamental como entidade responsável pela captação de recursos, produção e distribuição dos documentários. Nesse contexto, esta pesquisa analisa 28 documentários da série “Cineastas indígenas” realizados entre 1999 e 2011 no âmbito do projeto VNA. Trata-se de seis curtas-metragens e 22 médias-metragens de cineastas indígenas das etnias Ashaninka, Huni Kui, Kisedje, Kuikuiro, Mbya-Guarani, Panará e Xavante. Essa produção audiovisual de não-ficção é considerada como uma prática de autoetnografia no documentário, à medida que ao conceder a câmera para os indígenas lhes é permitido o que dizer, quando, onde e como filmar, a partir de uma perspectiva interna, na qual eles apresentam suas aldeias, seu cotidiano, sua história, suas festas e rituais, como também os problemas sociais que enfrentam. Nesse sentido, a tese propõe a categoria de documentário autoetnográfico para o corpus analisado, tendo como questões norteadoras: Quais são os procedimentos de criação, métodos de trabalho e condições de realização dos documentários autoetnográficos do projeto VNA? E as posturas éticas, opções estéticas e técnicas neles presentes? Qual a importância desses filmes para as comunidades indígenas que deles participam? Com que finalidade eles são realizados? A partir da análise fílmica, em uma perspectiva textual e contextual, isto é, estabelecendo um diálogo entre elementos internos (imagem, som etc.) e externos dos documentários (entrevistas com realizadores indígenas, equipe do VNA, sujeitos filmados, conceitos das teorias do cinema antropológico e documentário etc.), apresenta-se o estudo do corpus enfatizando, respectivamente, as dimensões ética, estética e política da produção audiovisual de não-ficção do projeto VNA. Considerase essas três dimensões do discurso fílmico como fundamentais para se compreender melhor a categoria de documentário autoetnográfico que, para além de um conceito dos estudos pós-coloniais, acredita-se constituir em uma tomada de posição e reflexão do campo do cinema diante dos filmes dos realizadores indígenas. A análise dos documentários autoetnográficos do projeto VNA revela: um processo de realização cinematográfica (preparação, filmagem e montagem) no qual a autoria é compartilhada, sendo a ética um elemento presente em todas as etapas; o emprego e a modulação de diferentes gestos estéticos com uma forte influência dos cinemas direto/verdade, mas também questões que emergem com força na produção audiovisual de não-ficção contemporânea, como a encenação e o uso das imagens de arquivo; o papel político desempenhado pelos documentários, tendo em vista que se direcionam aos espectadores nãoindígenas, seus enunciatários, para discutir a relação entre história oficial versus história não-oficial, a identidade e cultura indígenas, ou ainda para denunciar, reivindicar e lhes dar visibilidade.


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