Resumen de Primeira evidência de transmissão transplacentária de nematoda (Litomosoides sp.) Na ordem chiroptera (Microchiroptera: Phyllostomidae)
Janaina Gazarini, Luiz Pesenti, Ricardo Massato Takemoto
Um levantamento das espécies de endoparasitos em morcegos está sendo realizado em um fragmento urbano, o Parque Cinquentenário (latitude 23º22´S e longitude 51º56´W), no município de Maringá, Paraná, Brasil. No mês de setembro de 2012, foram utilizadas redes de neblina dispostas em trilhas pré-existentes para a captura de morcegos. Uma fêmea grávida da espécie frugívora Artibeus lituratus (Olfers, 1818) foi morta e necropsiada, tendo as vísceras e cavidades torácica e abdominal vistoriadas ao microscópio estereoscópico. Apenas um indivíduo de Litomosoides sp. em estágio larval, vivo e de cor escura foi encontrado no líquido amniótico. O indivíduo foi fixado em formol aquecido, desidratado em uma sequencia de álcool, lactofenol de amann e clarificado em creosoto, disposto em uma lâmina permanente com bálsamo do Canadá natural. O parasito é uma fêmea e apresenta, em micrômetros, 725 de comprimento total, 72 de largura e 360 de comprimento de esôfago. O espécime apresenta estruturas cefálicas não evidentes, forma da cabeça atenuada e a cápsula bucal com paredes espessas, formando uma estrutura cilíndrica. Esôfago de comprimento médio, em linha reta, com a junção entre a porção muscular e glandular indistinta. O corpo é cilíndrico e delgado, com extremidades atenuadas. Devido ao fato do indivíduo ser único, fêmea e em fase larval, a identificação da espécie torna-se inviável. O gênero Litomosoides é composto por filarias hematófagas, que ocorrem exclusivamente nas regiões neártica e neotropical e parasitam a cavidade abdominal e pulmonar em morcego. Deve ser considerada a possibilidade de migração errática da larva através dos tecidos. No entanto, a transmissão transplacentária de nematoides em gatos, cachorros, bovinos é relatada frequentemente. Transmissão vertical ou transplacentária é um tipo direto de contaminação por agentes patogênicos, de mãe para filho, pela via transplacentária. Em morcegos a transmissão vertical foi comprovada, experimentalmente, para o vírus da raiva. Consequentemente esse relato pode ser considerado uma evidência da ocorrência da transmissão transplacentária em nematoides na ordem Chiroptera.
