Andre Luis dos Santos, Maria Ogécia Drigo
O trabalho objetiva compreender o potencial de significados produzidos pelo filme japonês Your Name (Kimi no na wa) na comunidade brasileira dos fãs de cultura japonesa, chamada comunidade Otaku. Embora o consumo de filmografia japonesa não seja atividade recente dentro da comunidade de fãs, Your Name angariou boa recepção no Ocidente, reunindo prêmios em festivais de cinema dos EUA e Europa, entrando para o catálogo da Netflix em 2018 e inclusive sendo exibida em cinemas brasileiros – o que demonstra o potencial comunicativo da obra até no Ocidente. Para a realização da pesquisa, utilizamos como metodologia a semiótica de Charles S. Peirce sobre algumas cenas colhidas do filme, com Santaella (2007) para guiar o percurso metodológico. Também lançamos mão de Chevalier e Gheerbrant (2015) para verificar o potencial significativo dos elementos presentes nessas imagens, e as discussões de Littleton (2002) sobre a cultura japonesa em geral. Em seguida, para compreender o impacto do filme sobre a comunidade Otaku brasileira, procuramos pelas análises filmográficas produzidas pela própria comunidade, na plataforma YouTube, nomeadamente os canais Intoxi Anime, Meteoro Brasil e Yo Ban Boo, compilando e classificando os comentários deixados nos vídeos segundo Santaella (1995) em Emocionais, Enérgicos e Lógicos, correspondentes às três categorias fenomenológicas de Peirce. Como resultados, verificamos que há predominância de imagens iconográficas, que fazem correspondência direta a paisagens e elementos da cultura japonesa, e de simbologia da religião shinto, praticamente exclusiva do Japão. Entretanto, esse rol de imagens aparentemente significativas apenas aos japoneses é absorvido na comunidade Otaku brasileira não apenas na seara da primeiridade, mas seus membros conseguem alçar significados enérgicos e lógicos sobre elas, demonstrando sua capacidade de articular com a obra no nível da terceiridade, característica fundamental de uma comunidade para Peirce.
© 2001-2025 Fundación Dialnet · Todos los derechos reservados