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Terceira idade: aptidão física
de praticantes de hidroginástica

   
* Ms. em Ciência do Movimento Humano.
Aluna do curso de Doutorado no Programa de
Pós Graduação em Ciência do
Movimento Humano (PPGCMH) do CEFD/UFSM.
**Acadêmico do curso de Educação Física da
Universidade Federal de Santa Maria.
***Acadêmica do curso de Educação Física da
Universidade Federal de Santa Maria.
****Prof. Dr. Titular do curso de Educação Física do CEFD/UFSM.
 
 
Luciane Sanchotene Etchepare*
luciane.etchepare@terra.com.br  
Érico Felden Pereira**
ericofelden@yahoo.com.br  
Susane Graup***
susigraup@bol.com.br  
João Luiz Zinn****
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
    O processo de envelhecimento ainda é pouco conhecido, porém o desgaste do organismo com o passar dos anos é inevitável deixando-nos mais suscetíveis a doenças. A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases de nossa vida e será ainda mais importante na terceira idade onde há uma perda de aptidão física e conseqüentemente de saúde. O objetivo deste estudo foi verificar o efeito da prática da hidroginástica sobre as variáveis da aptidão física (equilíbrio estático, agilidade e flexibilidade) em mulheres na terceira idade, após 20 sessões de exercícios. A amostra foi composta por 15 mulheres da terceira idade praticantes de hidroginástica. Como instrumentos de coleta de dados desta pesquisa foram utilizado os seguintes testes: "sentar e alcançar" - para avaliar flexibilidade, "vai e vem" - para avaliar agilidade e "stork stand" - para avaliar equilíbrio estático. Para análise dos dados foi utilizado um teste "t" de Student para amostras dependentes para verificar se existem diferenças significativas entre pré e pós-testes. Desta forma destacamos os seguintes resultados: quanto as variáveis flexibilidade e equilíbrio estático houveram melhoras significativas após as sessões de hidroginástica. A variável agilidade também apresentou melhoras, porém não estatisticamente significativas.
    Unitermos: Terceira idade. Qualidade de vida. Hidroginástica.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 9 - N° 65 - Octubre de 2003

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Introdução

    Os avanços das ciências e das condições médico-sanitárias têm aumentado cada vez mais a expectativa de vida das pessoas, e a tendência no país, é que cada vez mais cresça o número de idosos.

    Segundo Meireles (1999) o processo de envelhecimento começa desde a concepção, então a velhice, é um processo dinâmico e progressivo em que há modificações tantos morfológicas como funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionado uma maior incidência de processos patológicos.

    Para Zimerman (2000), o desgaste do organismo com o passar dos anos é inevitável, apesar da velhice não ser uma doença é uma fase na qual o ser humano fica mais suscetível a elas. Segundo Mazo (1998) o Brasil passa por um processo de envelhecimento populacional rápido. Estimativas apontam que, a partir do século XXI, o país terá a sexta maior população de idosos do planeta e o maior problema da velhice é que os idosos são discriminados, tidos como improdutivos e assim relegados ao esquecimento pela sociedade.

    A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases de nossa vida e será ainda mais importante na 3ª idade onde há uma perda de aptidão física e conseqüentemente de saúde. A atividade física agirá positivamente a nível cardiorrespiratório e também nos sistemas e órgãos. Uma boa manutenção da massa muscular e óssea na terceira idade será imprescindível para uma autonomia de vida e para que o idoso continue produzindo e realizando suas tarefas diárias. Para Otto (1987) se quisermos saúde devemos desenvolver uma filosofia de vida voltada para as atividades físicas que devem fazer parte do nosso dia a dia.

    Segundo Leite (1996) o treinamento físico pode imediatamente produzir uma profunda melhora nas funções essenciais para aptidão física do idoso colaborando para que haja menor destruição de células e fadiga, e o segredo de uma vida longa e sadia é, na verdade, uma fórmula simples, que combina a relação apropriada dos ancestrais, boa sorte e em grande parte adoção de um estilo de vida sadio. Contudo pode-se observar um ciclo vicioso, pelo qual o envelhecimento está associado a uma redução na atividade física. Com a inatividade ocorrem as seguintes modificações funcionais:

  • Aptidão física reduzida;

  • Perda dos reflexos posturais;

  • Metabolismo lipídico alterado;

  • Balanço nitrogenado negativo;

  • Perda de massa óssea;

  • Extração de cálcio (osteopenia).

    Fisiologicamente, parece que, à medida que envelhecemos os indivíduos tornam-se menos semelhantes entre si. A diferença no estilo de vida se confunde com os efeitos do envelhecimento.

    Muitas são as atividades físicas que podem ser indicadas para a terceira idade, principalmente a hidroginástica por ser uma atividade que causa um baixo impacto nas articulações e ajudará tanto a nível cardiorrespiratório como para uma tonificação muscular. Segundo Bonachela (1994) a hidroginástica é um programa ideal de condicionamento levando a uma boa forma física, tendo como objetivos, melhora da saúde e do bem estar físico-mental.

    Para Leite (1996), o envelhecimento é um processo fisiológico geral, até agora pouco conhecido, afeta as células e os sistemas formados por elas, bem como os componentes teciduais como o colágeno. Atualmente é muito maior o número de pessoas com idade acima de 70 anos com saúde relativamente boa, levando vidas independentes e ativas.

    Estudos recentes indicam que a maioria dos órgãos do corpo poderão funcionar quase tão bem na idade avançada como nos anos de juventude, entre aqueles que mantêm estilos de vida saudáveis. Entretanto, as doenças crônicas e as incapacidades tendem a se acumular em muitas pessoas à medida que envelhecem, impondo ameaças à sua independência.

    Esta pesquisa justifica-se pela importância de realizar estudos sobre a influência da prática de exercícios físicos na terceira idade, já que, esta população está em constante crescimento, e comprovadamente necessita da atividade física para manutenção da qualidade de vida. Será importante verificar a influência da hidroginástica, por ser uma atividade cada vez mais prescrita, principalmente para a terceira idade, por crer-se que esta traga muitos benefícios para a saúde.

    Vários idosos procuram a hidroginástica por suas vantagens para a saúde e também pelo prazer de uma atividade no meio líquido. A partir do exposto o objetivo deste estudo foi verificar qual o efeito da prática de hidroginástica sobre variáveis da aptidão física (flexibilidade, agilidade e equilíbrio estático) em mulheres da terceira idade.

    Este estudo foi do tipo quase experimental, a amostra foi composta por 15 indivíduos do sexo feminino com mais de 55 anos, praticantes de hidroginástica do Núcleo Integrado de Estudos e Apoio a Terceira Idade - NIEATI, do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria e todos os componentes da amostra já estavam adaptados ao meio líquido. Foram realizados pré e pós testes após 20 sessões de hidroginástica. Como instrumentos de coleta de dados foram utilizados os seguintes testes com os respectivos protocolos: "sentar e alcançar" (AAHPERD, 1980) - para avaliar flexibilidade; "vai e vem" (AAHPERD, 1976) - para avaliar agilidade, "stork stand" (Johnson & Nelson, 1986) - para avaliar equilíbrio estático. Como tratamento estatístico foi utilizado um teste "t" para amostras dependentes para verificar se existem diferenças estatisticamente significativas entre pré e pós-testes.


Resultados e discussões

    A partir do exposto serão apresentados os resultados do teste "t" de student em que será verificado se houveram diferenças significativas nas variáveis do estudo após 20 sessões de hidroginástica. A idade média dos sujeitos da amostra foi de 64,50+6,70, caracterizando desta forma mulheres na terceira idade.

Tabela 01 - Resultados do teste "t" para amostras dependentes referente a análise dos testes físicos.


* apresentam diferenças significativas para p<0,05

    Através da tabela 01 podemos verificar que na variável flexibilidade houve uma melhora estatisticamente significativa , evidenciando o benefício da atividade física para um aumento da mesma.

    O principal objetivo de se trabalhar flexibilidade é o de manter os músculos elásticos e em sua longitude normal, evitando o encurtamento. Recomenda-se trabalhar flexibilidade sempre que possível e regularmente, pois um bom nível de flexibilidade muscular evita problemas posturais e dores na região lombar, entretanto a falta de flexibilidade muscular aumenta o risco de lesões ao realizar qualquer esforço físico (Velert & Devís, 1992).

Tabela 02 - Resultados do teste "t" para amostras dependentes referente a análise dos testes físicos.


* apresentam diferenças significativas para p<0,05

    Na variável equilíbrio estático, exposta na tabela 02, podemos verificar que também houve um aumento estatisticamente significativo, podendo ser os deslocamentos e exercícios realizados dentro da água um dos prováveis causadores desta melhora.

    Segundo Johnson & Nelson (1986), o equilíbrio é a qualidade física conseguida por uma combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade. O equilíbrio estático pode ser definido como a qualidade física que capacita o indivíduo a permanecer em uma posição estacionária. A ação de equilibrar-se é de grande importância tanto na prática de hidroginástica como nas atividades diárias principalmente na terceira idade; um bom equilíbrio evitará quedas e por conseguinte fraturas.

Tabela 03 - Resultados do teste "t" para amostras dependentes referente a análise dos testes físicos.


*apresentam diferenças significativas para p<0,05

    Na tabela 03 pode-se verificar que apesar de haver uma melhora na qualidade física agilidade esta não foi estatisticamente significativa.

    Segundo Sharkey (1998), a agilidade é a capacidade de mudar de posição e direção rapidamente, com precisão e sem perda de equilíbrio. A agilidade depende de força, velocidade, equilíbrio e coordenação. A agilidade é inegavelmente importante no mundo dos esportes, mas também é útil quando se pretende evitar lesões em atividades recreativas e em situações de práticas esportivas. Ela pode ser melhorada com prática e experiência.


Conclusões e sugestões

    Ao final do estudo chegamos às seguintes conclusões:

    Em relação aos testes físicos, houve melhora em todas as qualidades físicas testadas. Nas qualidades físicas flexibilidade e equilíbrio estático houve uma melhora estatisticamente significativa o que demonstra que a hidroginástica rapidamente causa melhora nestas qualidades físicas. Na variável flexibilidade a flutuabilidade pode ser um dos fatores responsáveis por este aumento. A busca constante pelo equilíbrio na hidroginástica , devido aos movimentos da água e dos exercícios pode ser uma das causas da melhora na variável equilíbrio estático.

    Quanto à variável agilidade apesar de haver uma melhora no pós-teste, esta não foi estatisticamente significativa, o que demonstra que 20 sessões de hidroginástica não são suficientes para que se tenham resultados significativos.

    Sugerimos que se realizem novas investigações a cerca da relação exercício físico e terceira idade, já que o envelhecimento humano ainda necessita maior compreensão dos aspectos que o envolvem. Sugerimos ainda que se investigue o efeito da hidroginástica em outras variáveis da aptidão física em relação a terceira idade.


Referências bibliográficas

  • AAHPERD. Youth Fitness Test Manual. Reston, VA: AAHPERD, 1976.

  • _____ Health related physical fitness test manual. Reston, American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance, 1980.

  • BONACHELA, V. Manual Básico de Hidroginástica. Editora Sprint Ltda, 1994.

  • JOHNSON, B. L. & NELSON, J. K. Pratical measurements for evaluation in physical education. 4 ed. Edina, MN: Burgess Publishing, 1986.

  • LEITE, P.F. Exercício, envelhecimento e promoção de saúde. Belo Horizonte. Health, 1996.

  • MAZO, G, Z. Universidade e terceira idade : percorrendo novos caminhos. Santa Maria : Nova Prova, 1998.

  • MEIRELES, M. E. A. Atividade Física na 3ª Idade: uma abordagem sistêmica. 2ª edição. Editora Sprint. Rio de Janeiro, 1999.

  • OTTO E. Exercícios físicos para a terceira idade. São Paulo. Manole, 1987.

  • SHARKEY, B. J. Condicionamento físico e saúde. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

  • VELERT, C.P. & DEVIS, J.D. Una propuesta escolar de educación física y salud. In: DEVIS, J.D. & VELERT, C.P. 1 ed. nuevas perspectivas curriculares en educación física: la salud y los juegos modificados. Barcelona: INDE publicaciones, 1992.

  • ZIMERMAN, G. I. Velhice aspectos biopsicossociais. Porto Alegre. Artes Médicas, 2000.

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